Não descubro um fim à minha lista de grandes livros com que partilhei momentos de leitura ímpares e absorventes. Falarei de quatro deles, escolhidos ao sabor do momento e representativos de quatro grandes artistas da palavra.
A correspondência de Fradique Mendes é uma obra póstuma de Eça de Queirós e uma das que melhor ilustram quer as ideias e as ilusões da vanguarda cultural portuguesa do séc. XIX, quer a intemporalidade e atualidade da crítica social e política vertida na pena deste ilustre escritor poveiro, e que fazem dele um dos grandes nomes da literatura. Ler Eça – e em particular este livro – tem a virtude de nos ajudar a compreender o nosso tempo e a matéria de que somos feitos.
Em 1961, não tinha eu ainda nascido, foi publicado Domingo à tarde, de Fernando Namora, que conta a vivência das misérias humanas num hospital, sob o olhar agudo e sensível de um médico, e cuja intensidade narrativa é tão envolvente que o leitor é levado a ser cúmplice das personagens, partilhando com elas os infortúnios, as angústias, as esperanças e desesperanças que sentem, num abraço narrativo que desperta no leitor um espírito de solidariedade.
Em 1979 foi editado Signo sinal, de Vergílio Ferreira, um romance em que a reconstrução de uma aldeia destruída por um terramoto serve de pretexto para a personagem central refletir sobre a condição humana, tendo como um dos seus interlocutores privilegiados um cão de nome Teseu, encontrado numa praia. Ler este livro foi uma experiência inesquecível.
José Saramago publicou Levantado do chão, em 1980, um romance pungente que testemunha a opressão e o sofrimento sentidos por gerações de alentejanos durante o Estado Novo, mas que bem pode servir de documento simbólico denunciador de todas as tiranias que têm manchado a dignidade humana ao longo da História e que provam que a justiça, a liberdade e a democracia são valores fundamentais sempre em risco.
Boas leituras!
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