A próxima semana é a SEMANA DA EDUCAÇÃO ABERTA, assim, de 11 a 15 de março decorrerão atividades e eventos a nível mundial. O objetivo do evento é sensibilizar as comunidades educativas para o movimento da educação aberta o seu impacto e as suas potencialidades no processo de ensino e aprendizagem. A participação nos eventos e o uso dos recursos disponibilizados são gratuitos e abertos a todos. Mais informações aqui.
mar VII
Oceano Nox
Junto do mar, que erguia gravemente
A trágica voz rouca, enquanto o vento
Passava como o vôo do pensamento
Que busca e hesita, inquieto e intermitente,
Junto do mar sentei-me tristemente,
Olhando o céu pesado e nevoento,
E interroguei, cismando, esse lamento
Que saía das coisas, vagamente...
Que inquieto desejo vos tortura,
Seres elementares, força obscura?
Em volta de que idéia gravitais?
Mas na imensa extensão, onde se esconde
O Inconsciente imortal, só me responde
Um bramido, um queixume, e nada mais...
Antero de Quental, in "Sonetos"
a morte da imprensa em papel
Um original filme do alemão Ken Ottmann que estabelece um curioso paralelismo entre o desaparecimento dos dinossauros e o anunciado fim da imprensa em papel.
(via Lerebooks)
mar VI
Uma Após Uma as Ondas Apressadas
Uma Após Uma
Uma após uma as ondas apressadas
Enrolam o seu verde movimento
E chiam a alva 'spuma
No moreno das praias.
Uma após uma as nuvens vagarosas
Rasgam o seu redondo movimento
E o sol aquece o 'spaço
Do ar entre as nuvens 'scassas.
Indiferente a mim e eu a ela,
A natureza deste dia calmo
Furta pouco ao meu senso
De se esvair o tempo.
Só uma vaga pena inconsequente
Pára um momento à porta da minha alma
E após fitar-me um pouco
Passa, a sorrir de nada.
Ricardo Reis, in "Odes"
mar V
Fundo do mar
No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.
Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.
Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.
Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Obra Poética I
Caminho
mar IV
Passei o Dia Ouvindo o que o Mar Dizia
Eu hontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.
Chorámos, rimos, cantámos.
Fallou-me do seu destino,
Do seu fado...
Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Poz-se a cantar
Um canto molhádo e lindo.
O seu halito perfuma,
E o seu perfume faz mal!
Deserto de aguas sem fim.
Ó sepultura da minha raça
Quando me guardas a mim?...
Elle afastou-se calado;
Eu afastei-me mais triste,
Mais doente, mais cansado...
Ao longe o Sol na agonia
De rôxo as aguas tingia.
«Voz do mar, mysteriosa;
Voz do amôr e da verdade!
- Ó voz moribunda e dôce
Da minha grande Saudade!
Voz amarga de quem fica,
Trémula voz de quem parte...»
. . . . . . . . . . . . . . . .
E os poetas a cantar
São echos da voz do mar!
António Botto, in 'Canções'
mar III
Carta ao Mar
Deixa escrever-te, verde mar antigo,
Largo Oceano, velho deus limoso,
Coração sempre lyrico, choroso,
E terno visionario, meu amigo!
Das bandas do poente lamentoso
Quando o vermelho sol vae ter comtigo,
- Nada é mais grande, nobre e doloroso,
Do que tu, - vasto e humido jazigo!
Nada é mais triste, tragico e profundo!
Ninguem te vence ou te venceu no mundo!...
Mas tambem, quem te poude consollar?!
Tu és Força, Arte, Amor, por excellencia! -
E, comtudo, ouve-o aqui, em confidencia;
- A Musica é mais triste inda que o Mar!
António Gomes Leal, in 'Claridades do Sul'
mar II
Viver na Beira-Mar
Nunca o mar foi tão ávido
quanto a minha boca. Era eu
quem o bebia. Quando o mar
no horizonte desaparecia e a areia férvida
não tinha fim sob as passadas,
e o caos se harmonizava enfim
com a ordem, eu
havia convulsamente
e tão serena bebido o mar.
Fiama Hasse Pais Brandão, in "Três Rostos - Ecos"
cinema
Na semana de entrega dos Óscares, publicamos aqui uma montagem de quatro minutos com cenas de todos os 84 vencedores do Óscares de “Melhor Filme”, juntamente com os nove nomeados à estatueta deste ano, realizada por Nelson Carvajal.
mar I
A propósito do concurso de fotografia Ilustrar o Mar, que lançamos no passado dia 27 de fevereiro, deixamos aqui algumas sugestões de poemas sobre o mar que possam inspirar as vossas participações.
Solidão
Estás todo em ti, mar, e, todavia,
como sem ti estás, que solitário,
que distante, sempre, de ti mesmo!
Aberto em mil feridas, cada instante,
qual minha fronte,
tuas ondas, como os meus pensamentos,
vão e vêm, vão e vêm,
beijando-se, afastando-se,
num eterno conhecer-se,
mar, e desconhecer-se.
És tu e não o sabes,
pulsa-te o coração e não o sente...
Que plenitude de solidão, mar solitário!
Juan Ramón Jiménez, in "Diario de Un Poeta Reciencasado"
Tradução de José Bento
esdas nas correntes d' escritas
Na passada 6ª feira, dia 22 de fevereiro, as turmas A e O do 11º ano da escola participaram num encontro com os escritores Pedro Vieira e Joel Neto.
Foi uma tarde bem passada e divertida, em que os alunos tiveram oportunidade de ouvir e dialogar com estes autores sobre a escrita, leitura, atividades paralelas que desenvolvem e projetos futuros. Aqui fica o registo fotográfico do encontro.
Foi uma tarde bem passada e divertida, em que os alunos tiveram oportunidade de ouvir e dialogar com estes autores sobre a escrita, leitura, atividades paralelas que desenvolvem e projetos futuros. Aqui fica o registo fotográfico do encontro.
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