1º desafio matemática e literatura


Foram muitas as participações, mas só pode haver um vencedor, neste caso, uma vencedora. Assim, a vencedora do desafio Matemática e Literatura foi a Daniela Costa, do 12º A, com o seguinte comentário:

"A palavra “soma” aparece apenas 2 vezes ao longo do livro, no entanto, palavras da sua família de palavras também estão presentes ao longo da obra.
No capítulo VIII, Blimunda começa por contar a Baltasar que, em jejum, consegue ver o interior das pessoas e, então, nos dias seguintes vai prová-lo. A palavra “somando” surge neste capítulo (pags. 112/113*) na descrição dos meios de transporte (liteiras e coches) utilizados por D. Nuno da Cunha e pelo enviado do papa, sendo utilizada com o objetivo de realçar a quantidade de “caprichos”, adquirindo o valor de junção. ( “a ver chegar o cardeal D. Nuno da Cunha que vai receber o chapéu das mãos de el-rei, acompanha-o o enviado do papa numa liteira toda forrada de veludo carmesim com passaranes de ouro (… )e à frente da liteira doze lacaios, que somando a isto tudo os cocheiros e liteireiros é uma multidão para servir um cardeal só …”)
No capítulo XVIII, é feita uma enumeração dos bens do Império de D. João V, aparecendo a palavra “somado” e a palavra “somas” na pág. 308. (“as cascas de limão cristalizadas, os frutos, e dos lugares que hão-de vir a ser Brasil o açúcar, o tabaco(…) claro está que este todo não é o rendimento da coroa, rica sim, mas não tanto, porém, tudo somado, de dentro e de fora, entram nas burras de el-rei para cima de dezasseis milhões de cruzados, (...) Medita D. João V no que fará a tão grandes somas de dinheiro…”). A primeira palavra é utilizada com o sentido de “adicionado”, já a segunda realça a elevada quantia de dinheiro.
No capítulo XIX, durante a descrição do trabalho de construção do convento aparece a palavra “soma”(pág. 335*), novamente com o significado de grande quantidade. (“…Os bois ruminavam, deixando coar o fio de baba que devolvia à terra os sucos da terra, aquela aonde tudo volta, até as pedras com tanto trabalho alçadas, os homens que as erguem, as alavancas que as suportam, os calços que as amparam, nem os senhores imaginam a soma de trabalho que está neste convento…”)
No capítulo XXI, na pág. 393*, aparece pela segunda vez a palavra “soma”e também com o significado de grande quantidade. (“Meu querido rei, cá recebi a sua carta e nela vi tudo quanto tinha para me dizer, o trabalho aqui não tem faltado, só paramos quando chove tanto que até os patos diriam basta, ou quando se atrasou a pedra no caminho, ou quando os tijolos saíram de má qualidade e ficamos à espera que venham outros, agora anda tudo aqui em grande confusão com a tal ideia de alargar o convento, é que o meu querido rei nem imagina o tamanho daquele monte e a soma de homens que requer …”
No capítulo XXIII, que começa com a descrição do cortejo de estátuas de santos em Fanhões, na descrição das características dos santos está presente a palavra “somadas”( pág.442*
) com o significado de “juntas”/”reunidas. (“Mas, nisto de santidades, há-as para todos os gostos. Quer-se um santo dedicado ao trabalho da horta e ao cultivo da letra, temos S. Bento. Quer-se outro de vida austera, sábia e mortificada, avance S. Bruno. Quer-se ainda outro para pregar cruzadas velhas e reunir cruzados novos, não há melhor que S. Bernardo. Vêm os três juntos, talvez por parecenças de rosto, talvez porque as virtudes de todos, somadas, fariam um homem honesto …”). 

*José Saramago. Memorial do Convento. 52.ª ed. [S.l.]: Caminho. ISBN 978-972-21-0026-7"

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