Castanheiros, ouriços e castanhas em poesia

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"os frutos do castanheiro
eram apenas castanhas embrulhadas
em capas de espinhos debaixo dos pés
mas pareciam coisas de outro mundo
com os seus picos afiados
e por dentro tinham amadurecendo
uma alma boa para se comer

caíam pelo chão
como granizo no Inverno
e transformavam-se num tapete
sofredor como o calvário
para quem brincava descalço
com a liberdade das andorinhas

a árvore era boa de subir
larga e imponente como um castelo
explodindo na força das suas raízes
arrepiando-nos o cabelo
nas noites de ventania e tempestade

no verão aproveitávamos a sombra
para jogar às cartas e contar anedotas
pois ninguém suportava o calor

aí já ninguém pensava nas castanhas
nem nas suas lâminas ouriçadas
à espera do que viesse com o vento"
José António Gonçalves (2004)

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