HOJE, DIA DO AGRUPAMENTO



O PATRONO
Filho bastardo e predilecto de D. Dinis, D. Afonso Sanches teve papel de relevo na corte de seu pai ao longo do primeiro quartel do século XIV, onde chegou mesmo a desempenhar, a partir de 1313, o cargo de mordomo-mor do Rei. Já então era senhor de vasto território resultante da doação de várias herdades régias situadas na Estremadura, no Alentejo e no Entre-Douro e Minho. Por essa altura vê fortemente ampliados os seus domínios com a incorporação das terras de Póvoa de Varzim e Vila do Conde, herança de sua mulher D. Teresa Martins, tetraneta da Ribeirinha, que as recebera a título hereditário de D. Sancho I.
Ao mesmo tempo, torna-se cada vez maior a sua projecção na corte, vindo, por isso, a ser alvo de forte contenda com seu irmão, o Infante D. Afonso, futuro Afonso IV, receoso de ele lhe poder vir a usurpar o trono, tal era o favoritismo de que gozava junto do Rei. É na corte de seu pai que D. Afonso Sanches terá tido conhecimento da “Arte de Trovar”, aí dando também largas aos seus dotes de trovador. De facto, “a obra poética de Afonso Sanches apresenta características das mais singulares dentro do âmbito da lírica galego – portuguesa” (in Dicionário de Literatura Medieval Galega e Portuguesa, organização de Giulia Lanciani e Giuseppe Tavani, Lisboa, Caminho, p. 23). Da sua produção literária restam quinze composições: nove cantigas de amor, duas de amigo, três de maldizer e uma tentação de amor com Vasco Martins de Resende.
A 7 de Maio de 1318, no regresso de uma romagem a Santiago de Compostela integrado no séquito de D. Dinis, funda, com sua mulher D. Teresa Martins, o Mosteiro de Santa Clara de Vila do Conde, beneficiando-o com doações, foros, padroados, isenções régias e privilégios vários, entre os quais o senhorio e jurisdição de Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Formariz, Navais, Touguinha e Terroso. Aí, por sua vontade expressa, vieram a ser sepultados D. Afonso Sanches e sua mulher.
Em 1526, a Abadessa D. Isabel de Castro mandou edificar na igreja do Mosteiro a Capela da Conceição, onde fez erigir dois túmulos que, pela sua ornamentação rica e abundante, revelam o culto ainda então concedido aos Fundadores. «As estátuas jacentes que se sobrepõem às arcas (de calcário de Ançã), e as próprias arcas profusamente esculturadas, podem considerar-se entre as mais belas obras da escultura tumular da época manuelina» ?Sant’ Anna Dionísio, Guia de Portugal (vol. IV, tomo I: Entre-Douro e Minho – I Douro Litoral, Ed. Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1985)?.Vila do Conde deve-lhes, pois, a sua inclusão obrigatória no roteiro do manuelino.

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